Tuesday, December 19, 2006

No picadeiro e na platéia

"Lança lá e vamos ver o bixo que vai dar!" Essa parece ter sido a lógica que moveu esse aumento de quase 100% dos parlamentares. O pessoal nunca teve vergonha na cara mesmo, qualquer um sabe que a ética que move essa gente é própria, não segue os padrões aceitos pelos "comuns dos mortais". Estamos com nossos valores tão abaixo do mínimo aceitável, o jogo jogado é tão sujo, e depois de todas essas inocências declaradas em meio a tanta podridão, que os nossos parlamentares perderam definitivamente o senso, até mesmo o do ridículo.

Nossa população é cá tomada como pamonha, débil mental, gente que não sabe a que veio. Eu sei de onde eles puxaram essa idéia, as últimas eleições pode ser uma pista para se encontrar a origem. Quem vê a foto do nosso povo, da nossa gente que vai as urnas aos milhões se apavora do visto, e mais, do não visto, do pressentido.

A mídia funciona como um último bastião: diz assim sim, mas assim também não. Faz um charminho e gera notícia. Nada que mude os pilares, o alicerce onde se funda o picadeiro, não se enganem: o circo continua com a lona armada e o show não vai parar. Quem assiste ao espetáculo pela primera vez talvez estranhe pelo fato dos palhaços não estarem no picadeiro. Reparem bem na platéia! Viram aonde eles estão?

Tuesday, December 05, 2006

Janelas e Olhares

Eu escrevia há pouco um post sobre olhares, não estava, portanto, muito longe das janelas. Esse meu encanto por janelas talvez venha da forma como elas costumam capturar o mundo lá fora, assim, pode-se dizer que tudo o que se enquadra no esquadro da janela ganha um certo destaque. A janela funciona como uma espécie de filtro do nosso olhar, limitando temporariamente, nos entregando um pedaço do mundo para a nossa observação.

O observador é a figura chave de todo o processo, é ele, é dele o olhar que valoriza essa imagem que perpassa através das janelas. A beleza estampada numa janela e não capturada por um olhar se perde, se esvai, é inútil, como um desperdício de poesia, música que ouvidos não ouvem, um doce aroma que o olfato não percebeu.

Desculpem, eu sinto muito não ter o dom que permitiria transformar esse olhar, esse ver em arte. O que me resta é procurar narrar com alguma fidelidade as emoções que me perpassam ao ver o modo como as janelas mostram o mundo.