Friday, February 24, 2006

A Moça na Janela

Todos os dias em que eu passava por aquela rua, ela estava na janela, moldura perfeita para a beleza, ou a beleza emoldurada, retratada, personificada. Ela não me reconhecia como gente, melhor dizendo, não posso dizer o que ela pensava porque ela não demonstrava perceber a minha existência nesse mundo. Aparentemente eu representava menos do que um dos paralelepípedos que serviam de calçamento para a rua onde se situava a sua janela.

A bem da verdade devo confessar que eu não fazia nada de excepcional para chamar a sua atenção. Quero dizer alguma momice, ou qualquer outra coisa estúpida ou fora do comum. Eu só interpretava o meu papel de passante, isto é, eu passava, a minha ação se resumia em passar por ela. Eu era um ser passante. Ela, por sua vez, era um ser ignorante, ou seja, sua única reação era a de não ter reação alguma, ela me ignorava total e cabalmente.

E assim o tempo foi passando, eu também fui passando, e ela também continuou me ignorando. Até que um belo dia, e devo dizer que este "belo dia" é só uma expressão de retórica, porque não lembro exatamente se era um dia bonito ou não, acho que ao menos não estava chovendo, ocorreu um fato inusitado durante uma dessas minhas passagens por ela - que até então me ignorava. Ela me olhou e disse: - Oi!

Devo confessar que fui pego totalmente de surpresa, eu poderia esperar tudo, que o céu caisse, que anoitecesse de dia, ou que aparecesse um dragão voando, por exemplo, mas aquele "oi" foi totalmente inesperado e desconcertante para mim. Primeiro porque ela finalmente notara a minha existência nesse mundo, segundo porque além de reconhecer a minha existência ela havia dirigido a palavra para mim, dissera "oi".

Fique entre perplexo e embasbacado, sem saber o que dizer, tentei puxar um ar do fundo do pulmão e dizer um "oi", que seria a resposta mais simples, mais direta, mas nem isso saiu. Após alguns breves instantes, desesperado, sem saber o que dizer, saí em disparada e nunca mais passei pela rua. Da moça da janela? Não sei dizer, aquela foi a última vez em que a vi na vida.

Wednesday, February 22, 2006

A moça na janela

Vejo a linda moça na janela a olhar pro mundo. Não sei se é ela quem olha pro mundo ou se é o mundo quem olha pra ela. Vê o mundo a moça na janela a olhar pra si. Nessa troca de olhares, nesse vejo que eu te vejo também, a moça vê a todos no mundo e o mundo vê a moça na janela também. A moça na janela é uma bela a enfeitar o mundo. O mundo, que também fica mais belo porque uma moça bela na janela fica a olhar pra si. Eu vejo a ela, e vejo mais, vejo a importância de uma moça bela na janela.
(Leia acima o meu conto "A moça na janela")

Januella

Januella é janela em latim, o nome que eu queria para esse blog, difícil de ser conseguido no Blogger, pois aqui quase todos os nomes já estão tomados; mas isso é so um detalhe sem importância, importante é o conteúdo, importante será o conteúdo desse blog. Escolhi Januella porque as acho poéticas, abertas para o mundo, representam saídas e são mais importantes do que portas, janelas são mais libertárias por estarem constantemente abertas, ao contrário das portas, que quase sempre se fecham para o mundo.

Janelas são poéticas, porque janelas podem ser arqueadas, antigas, simpáticas, coloridas, pequenas, grandes e até floridas. Janelas sortudas, podem ter uma bela moça debruçada no seu parapeito, sim, porque janelas recebem muitos peitos, braços e abraços, Janelas são aberturas para o mundo por onde circulam os raios do sol e da lua, por onde escapam os olhares pra vida que corre lá fora.

Espero que você goste tanto de Janelas como eu gosto delas e, se quiser ser ainda muito mais legal comigo, deixe um comentário, ou faça ainda mais! Mande uma linda imagem de uma janela para que eu poste aqui no blog, quem sabe de você na sua janela?